Teorias acadêmicas

Se você fosse professor, não teria a impressão de que se o aluno pelo menos tentasse responder a um exercício teria se esforçado mais do que se entregasse o papel em branco?

Aula de francês. A classe inteira teve que se apresentar em português...
Em seguida, o professor entregou uma folha para escrever a apresentação que tinhamos feito, agora em francês. Ah tá.

Ao olhar a história por uma outra perspectiva que não a do primeiro parágrafo, podia-se pensar que era melhor ficar quieto por não ter nada a dizer. Mas não foi o meu caso:

bonjour
pardon
s'il vous plait
je ne parle pas français

merci.

Margarida

Primeiro dia de aula: anda-se 9 vezes mais do que o necessário para achar as coisas. Eu por exemplo fiquei sem achar uma das classes, mas acredito que a porta estava fechada porque todos os caloiros - é, aqui é assim, louça é loiça também - estavam levando trote lá fora.
Coisinha boba. Cantar umas musiquinhas ajoelhado, fazer elefantinho, sem tinta, ovos, pinga ou qualquer coisa que ache que pode jogar em alguém, como nós fazemos.

Mas vamos ao que interessa. Ouve-se muito que os portugueses são fechados, o que não tem a ver com simpatia. Dizem que demora séculos pra ficar amigo mesmo.
Pois bem. Eu estava sentada na espera para ser atendida na secretaria e troquei umas palavrinhas com uma menina do meu lado para saber se eu estava onde deveria estar.

Em cinco minutos, Margarida me contou que era formada em geografia e dava aulas. Agora queria se formar em letras e que na escola onde trabalha falta professores de espanhol e por isso, mesmo sem licenciatura, a chamaram.

Depois me disse quais professores eu deveria escolher entre todos, porque a (e citava um sobrenome que já não me lembro), dizem que é carrancuda, tabacuda. Então selamos nossa amizade. Me ofereceu todos os livros que não usará mais, me passou seu telefone. Agora acabo de receber um sms indicando seu e-mail para eu pedir quais livros precisar.
I've got a friend.

Viagem de carro

Ter um carro em Coimbra para viajar é um perigo e só quem mora aqui entenderia. Mas você pensa em voltar um pouco antes da hora de ter que entregar o carro para fazer supermercado e tudo que mais der tempo, porque não tem saída: ou subirá as escadas do quebra costas (nenhum nome é em vão) ou as escadas monumentais, com 225 degraus.

Mas deixemos o fim para o lugar que lhe cabe.

Nós também estamos aqui

Tá certo que temos muito dos nossos colonizadores. O que eu não sabia era que eles têm muito de nós também.

Nossas músicas fazem o maior sucesso. Ouvi aquelas do estilo calipso no Porto, temos uma frequência de rádio só com músicas brasileiras: Ivete, Jorge Ben, Marisa Monte. Nos lugares universitários a música do tropa de elite tem versão remixada e se me contassem eu não acreditaria, mas a compilação da Banda Eva 1990 sempre está presente.

Além disso, nossas novelas. A diversão de alguns brasileiros é contar o final de Caminho das Indias para algum português e se divertir com isso. 'Sabe o Bahuan? Morre de gripe suína no final'. hahahaha...há quem diga que as portuguesas quase choram, já que a novela está atrasada quase um mês.

Enquanto isso, Stênio Garcia arrancou o bigode, decidiu nunca mais lembrar de Carga Pesada, Pedro e Bino e veio tentar a vida política por aqui.




Carlos Encarnação é heteronimo. Aproveitou e encarnou Fernando Pessoa.

Adios.

Porto

É muita pretensão dizer que prefiro minha cidadezinha à Porto?


Obregada.

Mas tá. O vinho é realmente muito bom. A cidade estava um pouco suja, mas não devia estar no estado normal, o Redbull Air Race World Championship acontecia por lá e é o que eles chamam de F1 no céu. Incrível de ver.

Tchanã

O antes...

Casinha antes de estar arrumada era assim:


Objetividade

Não, não é que os portugueses são burros. É que o raciocínio deles é diferente.

Todo brasileiro querendo se redimir de séculos de piadas diz isso. Meu lado humilde diz que eles são objetivos, mas o outro lado sempre dá risada.


- Oi, por favor. Como que vem a salada?
- No prato.

Falando sobre um evento que ía ter na cidade...
- Ah e paga para entrar?
- Não, você entra e paga na saída.

- Dá para chegar lá a pé?
- Sim.
- Como que chega?
- Com os pés.

Acho mesmo que eles gostam de prolongar a conversa. Sempre que podem prolongar eles o fazem. Você pergunta como chega, eles dizem que vai ter três ruas. A primeira, cheia de casas onde tem uma pastelaria e blablablabla, então, não é nessa. A outra que você vira um pouco para esquerda, na esquina tem a loteria, mas então, não é lá. Tu vais na do meio e segue SIEMPRE EM FRIENTE.

É minha frase preferida. Não sei se fiquei boa de olhar nos mapas, mas é quase certo que para chegar eu precise continuar siempre em friente.

Só para pontuar

Se tem uma recomedação que recebemos da Universidade no Brasil e estamos cumprindo a risca, é essa:

'Não durmam em euro.'

E os estudantes de Coimbra protestam...






















Nossa senhoria

Depois de becos estreitissimos, a missão de achar o Cabido Bar foi cumprida com exito.

Dona rosa, já uma senhora, tem os cabelos presos para trás, uma tatuagem no braço, usa havaianas e repousa as pernas na cadeira do proprio bar café.

Eu cheguei e disse que a gente sabia por recomendação de uma pessoa que ela tinha casas ou quartos para alugar e ela respondeu: 'Já está tudo alugado e também já tem gente na fila de espera.'
Então perguntei se ela não conhecia alguém ou tinha alguém pra recomendar. O que eu vou contar aqui, a essa altura da conversa eu ainda não sabia, mas ela já tinha nos amado. hahaha
Depois que perguntei, ela falou que as pessoas que estavam para decidir do apartamento tinham combinado de encontrá-la ao meio dia, mas como ainda não tinham chegado a gente podia ver como era.

A sensação foi o oposto da vez que entramos na Dona Sidália. Todo mundo se entreolhou. Pronto.

Voltamos para conversar com ela que estava sentada na escada fora do bar e esse foi o momento mais bonito do nosso encontro. Ela disse que não gostou das meninas que estava esperando e repetia "Elas não são pêras doces" e nisso as meninas chegaram.

Dona Rosa estava tensa porque como uma boa mulher não queria ir contra a intuição, mas também não queria deixar as não-pêras-doces na mão.
E ela colocava a mão na testa, depois combinavamos coisas do apartamento e para o desfecho autoexplicativo: fomos convidadas para a festa de aniversário dela, por ela!

muita emoção.

Cada passo que eu dou é um a menos que eu tenho que dar

Esse virou nosso lema aqui em Coimbra. A cidade tem muitas caras e incontáveis escadas.

Os dois primeiros dias foram de muita correria. Achar apartamento ou república não é tarefa fácil, porque a gente sempre acha que estão nos cobrando muito mais do que vale ou que bom negócio quem faz sempre são os outros.

Formamos uma equipe: eu, bruna, marina, fernanda e luma. Enquanto uma ligava no orelhão para o número dos anúncios, outra estava no google maps, outras se dirigiam até os lugares e eu que estava a ligar só ouvia que já estava alugado. Assim depois de um tempo falei com Dona Sidália que me convidou a visitar os quartos naquela hora. Fomos em duas.

É dificil dizer a impressão que se tem de um lugar quando nunca foi em outro para comparar, mas achamos escuro, velho e a Dona Sidália, uma senhora bem fofinha, mostrava as partes da casa com um sorriso como se o negócio dela fosse o melhor do mundo, o que confunde um pouco a gente.

Sem desistir ainda, a Luma disse 'por mim tudo bem, mas eu só vou voltar para dormir'.
Por fim, recebemos uma recomendação para procurar a Dona Rosa, na Rua do Cabido, no Largo da Sé Velha.

Dona de um café e de várias casas pra alugar, Dona Rosa merece um post só pra ela.

Para quem acha que história é humanas...

A semana do modernismo jamais aconteceria em Coimbra. Exato.

Enfim, Lisboa

Conheci boa parte de Lisboa. Andei tanto que a Ivete vai ter inveja das minhas pernas e da minha cor.

Encontrei Camões e Vasco da Gama no Mosteiro dos Jerônimos, tirei foto perto do túmulo deles e não sorri, porque eles estavam mortos. No próprio mosteiro fiquei pensando como turista erra...eles veem as coisas pela lente da camera, nao sentem os lugares, sabe?
E eu fiquei bem atenta para não fazer igual. Isso nao quer dizer que eu nao tenha fotos lindas. Depois por um instante achei aqueles passeios turisticos de onibus uma enganação. Eu nao fiz, mas fiquei pensando em como as pessoas se contentam em ver as coisas da janela pra dizer que foram.

Fomos no monumento do empurra empurra portugues (esqueci o nome, mas na hora que eu vi, esse foi o meu comentário) e no chão estava desenhado os lugares e os anos que os portugueses foram para cada país...daí tirei uma foto dominando a América latina e esse é o que conquistei no war do chão até agora.

Fui no parque imperial, na torre de belem, no centro cultural de belem, almocei no jardim das oliveiras, como a Tia Élia recomendou e comi pastelzinho de belem de sobremesa e quis contrariar o que todo mundo fala: que você nao vai comer só um. Pois bem...peguei fila duas vezes.

De lá fomos para o castelo de são jorge, que tem uma vista linda. Fomos na rua da prata e na praça do comércio. Andamos um pouco mais e viemos pro hostel, e eu estava cansada. Tranquei o armario com a chave dentro. Isso deve ser super normal, porque fui na recepção e ela me deu um alicatão. Tudo resolvido.

Tem uma menina da republica tcheca (é assim que escreve?) no nosso quarto que é bem fofa. A primeira coisa que ela perguntou foi se a gente nao fala ssshhh...de ora poixxx...e ela disse que odeia. hahahaha
A gente se comunica em ingles e ela fala pra dentro, o que às vezes dá um pouco de preguiça de ficar falando what?, mas a gente sempre fala porque descobre que se não disser não tem como continuar a conversa.

Amanhã estamos indo pra coimbra...consegui reservar o albergue, mas nao vejo a hora de poder arrumar minhas coisas.