Com ou sem adrenalina...

Eu não lembro de terem me perguntado se eu queria que a espera da viagem fosse com ou sem adrenalina, mas em algum momento eu devo ter dito com os olhos que sim, muita por favor.

Passagem já está em mãos e o visto não chega. Quando me inscrevi na Universidade, reservei o alojamento por uma semana, que achei tempo suficiente para procurar um lugar pra chamar de lar. Mas adivinha?
Dona Rosário - que virou um mito e cuida dos alojamentos - está de férias até o dia 24 de agosto. Quando você manda um e-mail para ela, volta dizendo sobre as férias, mas te acalma, já que se for urgente você pode mandar para outro endereço, com o nome de uma outra mulher. Eis que volta dizendo que ela está de férias até o dia tal, mas que se for urgente você pode mandar um e-mail para...e a história se repete. Podiam ter nos poupado e escrever o e-mail automático de férias dizendo que em Coimbra não há NINGUÉM.

Enfim. Soube que terei um buddy lá. Algum aluno português que fica encarregado de ajudar um intercambista no que precisar. "Meu buddy já entrou em contato comigo! Já até nos falamos no msn!"
O meu?
Magina. Isso quem disse foi uma das meninas que também vai.

Enquanto isso, faço a fina e não me abalo: Saramago, I'm coming!

Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam

«A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: “Não há mais que ver”, sabia que não era assim. O fim da viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.»

Assim é. Assim seja.

José Saramago